quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sábado, 27 de Junho

À hora combinada, lá estava a carrinha à nossa espera. Como companheiros de viagem, nesse dia, tivemos dois casais do Porto. Seguimos viagem rumo a Kourbous, pelo caminho ainda passamos por Nabeul, mas só tivemos tempo de dar uma vista geral pela localidade, não fizemos qualquer tipo de paragem. Em Nabeul realiza-se um mercado importante todos os dias, segundo informações que obtivemos. Tínhamos programado visitar este sítio, mas acabamos por não ter disponibilidade. 50 Km depois, chegamos a uma praia interessante. Para além de um mar bonito e calmo, como em Malta as praias eram muito rochosas, com pouca areia. Para lá entrar, sem calçado apropriado era tarefa difícil, havia muito cascalho, que cortava a planta dos pés.

A atracção principal desta pequena praia, a nascente natural de águas termais que jorrava a 60 graus centígrados da montanha, directamente para o mar. Na zona onde a água termal se encontrava com o mar, estava muita gente em banhos, dizem que pelos efeitos terapêuticos das águas. Como é costume aqui, e na maioria dos países islâmicos, as mulheres tomam banhos de mar completamente vestidas. Costumes. Experimentamos, mas para além da grande dificuldade em entrar no mar (por causa das pedras), a grande concentração de pessoas, na maioria tunisinos, não tornava muito agradável a permanência nesse local. Na zona de encontro das águas quentes com as do mar, a temperatura é agradável, o calor vem e logo de seguida vem uma corrente de água mais fria. Sabe bem, mas pessoalmente preferia sempre a água quente. Demoramo-nos pouco neste sítio, que para além desta especificidade das águas, pouco mais tinha de interesse. Viam-se familias inteiras, fazendo piqueniques à beira-mar, com grandes farnéis e uns até acendendo fogueiras. Coisas que deixaram de se poder fazer nas nossas praias civilizadas. Havia outras familias, especialmente uma, em que os senhores mais idosos, se encontravam sentados na praia, à beira-mar, enquanto o seu filho, casado com uma mulher estrangeira, pelos vistos francesa, que se banhava calmamente no mar, trajada com um biquini arrojado. Isto para dizer que há mulheres, mesmo tunisinas, que furam a tradição do vestuário, porque não há lei alguma, escrita, que as proíbe de tal. A censura é a tradição, os costumes, os comentários dos outros, a aceitação da sociedade. Pusemo-nos em marcha, desta vez rumo à praia de Kélibia.
Esta localidade, situada a norte de hammamet e perto do Cabo Bon, tem aspecto de ser uma zona de balnear para, maioritariamente, consumo doméstico. Há muitas casas típicas de fim-de-semana e de férias, alguns aldeamentos turísticos e tudo com um aspecto muito agradável. Ruas limpas, cuidadas, jardins floridos, tudo muito aprumado. Pelo aspecto das habitações e pessoas que circulam nas ruas, deve ser ambiente para a classe média alta e alta. Chegamos à praia e ao restaurante onde iríamos almoçar: com parque privativo, uma tropa de segurança privada à porta e em redor, guardando várias viaturas de alta cilindrada que lá se encontravam. Confirmavam-se os prognósticos, o restaurante, soberbamente bem localizado, sobre o mar, com uma vista espectacular por toda a baía, tanto para a direita, como para a esquerda, praias de areia branca e águas límpidas, de um azul celeste, magníficas. O restaurante, com uma esplanada mesmo sobre uma mar e com mesas sobre as rochas, para pequenos grupos, ou mesmo apenas para um casal, criando naturalmente salas privadas, aconchegantes e românticas, onde, se quisessemos, podiamos molhar os pés em água do mar. De quando em vez, com as suaves ondas, podiam-se admirar pequenos cardumes de peixes que dançavam, como que para alegrar este quadro vivo.
Antes do almoço ainda houve tempo para dar uns mergulhos neste mar caribenho, embora a temperatura ficasse aquém das expectativas, para o cenário ser o ideal. No entanto estava-se perfeitamente bem dentro de água, uma praia em que se podia penetrar pelo mar cerca de 50 ou 60 metros e a água dáva-nos apenas pela cintura. Estivemos nisto durante uma hora e meia e depois fomos almoçar, ao resturante com a mesa já marcada, em cima de uma das rochas junto ao mar.Na rocha ao lado de nós, encontrava-se um grupo de tunisinos, com aparência de bem sucedidos na vida: pela forma de consumo, bebiam vinho, comiam frutos do mar, as três mulheres do grupo, na casa dos quarenta anos, com aparência cuidada e trajando uns simples biquinis atrevidos, até para nós, qualquer dia ainda as supreendiamos a fumar.
O almoço foi óptimo. O restaurante disponibilizava uma variedade razoável de pratos de peixe, marisco e carne, comida típica tunisina, italiana e internacional. Tinha menus fixos, compostos por entrada, prato principal e sobremesa, tudo por 32Dt (aproximadamente 18 Euros); um casal do nosso grupo optou pelo menu fixo e foi-lhes generosamente bem servido uma saladinha de polvo, seguida de uma espetada de peixe com salada e arroz, e uma sobremesa à escolha. Nós optamos por comer como entrada 3 camarões tigre cada um, seguido de um esparguete com frutos do mar e uma posta de Mero grelhada com batatas e salada. À sobremesa comemos um gelado de baunilha, maravilhoso, e uma porção de melão dulcíssimo. Bebemos águas e refrigerantes e no final, ao verificarmos a conta, após a divisão exacta por casal, chegamos a conclusão que poderiamos dividir o total por seis ou por três, que ía dar ao mesmo, pagamos por casal cerca de 80Dt (48 Euros), já com uma generosa gorjeta incluída. Comparando, é impossível resistir a esta tentação, com um almoço nas mesmas condições do serviço que nos prestaram, a qualidade dos ingredientes gastronómicos, o serviço dos empregados e a paisagem paradisíaca, tudo isto vale muito dinheiro, e em Portugal, das raras vezes que temos oportunidade de desfrutar de um ambiente similar, fica uma sensação euromaníaca de gasto desmesurado. Aqui foi justo, e com a sensação de que foi um bom negócio para todos, o que nos serviram e para nós, os contemplados.
Gastamos as horas que restavam até o regresso, com um passeio a beira-mar, contemplando-o e observando as inúmeras famílias que entretanto enchiam a praia. Na hora combinada, regressamos ào hotel, para nos prepararmos para o jantar, que hoje seria num jantar de gala, com espectáculo das mil e uma noites, no restaurante Sherazade. Quando chegamos à medina, onde se encontra o restaurante, ainda tivemos tempo para exprimentar a famosa tatuagem de hena: fomos abordados por um tunisno simpático, nada obsecado em vender a sua arte, e como íamos cheios de intensão de levar essa recordação, deixamo-nos pintar.

Correu bem, a pintura ficou como suponhamos, levou algum tempo a secar, o que nos fez chegar mesmo em cima da hora à porta do restaurante. Situação estranha, reparamos que as pessoas ao entrar, apresentavam bilhetes, que nós não fazíamos ideia, nem sabíamos que eram necessário. Conclusão, depois de dialogarmos com o porteiro, fiquei a saber que nos deveriam ter dado os ingressos para o jantar na recepção do hotel. Lá fui em passo de corrida para o hotel à procura dos bilhetes. Recuperados, voltei ao restaurante, mas dado ao adiantado da hora deram-nos dois lugares numa mesa mais afastada do palco e eu, por azar, vi o espectáculo por trás de um pilar. Foi desagradável, mas foi assim. Não merecia a pena protestar, pois reparei que havia mais casos como o meu e não se vislumbrava solução para este embróglio, uma vez que o grande salão estava cheio, com lotação esgotada. Entretanto o jantar começou, assim como o espectáculo. Não vi grande coisa do espectáculo e do menu, umas entradas com vários tipos de salgados, e depois o prato principal que não convenceu, um cabrito estufado com arros de passas e amêndoas, a sobremesa foi o melhor, um bolo de bolacha com chocolate muito frio e húmido, gostamos. No fim, deixamos a sala com alguma frustração, o espectáculo e o jantar não coincidiam com a nomenclatura que nos referiram, imperdível. Mas gostos não se discutem, como é natural. Acabamos a noite, já no hotel, à conversa com os companheiros de viagem desse dia, do Porto, à volta de um chá de menta na esplanada, a programar o último dia da nossa estada em Hammamet. Em princípio, amanhã será praia e as últimas compras.

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